O que é Terapia Assistida por animais? Funciona para autistas?
A TAA, sigla para Terapia Assistida por Animais, é uma abordagem terapêutica que tem como principal “ferramenta” o contato direto com animais nos momentos de intervenção. Assim como a musicoterapia e a dançoterapia, ela representa uma forma alternativa de trabalhar características que precisam de estimulação.
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Existem diversos tipos de TAA, com diferentes animais e propósitos, entretanto, as mais indicadas e comprovadas cientificamente são: a equoterapia e a pet terapia. A equoterapia se baseia na interação com cavalos, enquanto a pet terapia se beneficia do contato com animais do nosso convívio diário para estimular o desenvolvimento de quem está no espectro. Na grande maioria dos casos, os cachorros são os escolhidos para compor a pet terapia.
É claro: os animais responsáveis por atuar dentro de um planejamento terapêutico devem ser muito bem treinados e capacitados para que não venham a ter comportamentos repulsivos ou impulsivos que podem afastar a criança de seus objetivos. Contudo, quando necessária e bem aplicada, a TAA é uma grande aliada e podemos dizer que vale a pena incluí-la em um plano de intervenções.
A TAA funciona?
Segundo um estudo do Journal of Pediatric Nursing, que analisou a interação de crianças autistas e animais de estimação, 94% das famílias que possuem uma criança no TEA e um cão alegam uma forte relação entre ela e o animalzinho. Já entre as famílias que não têm um cachorro, 7 em cada 10 pais afirmaram que seus filhos gostam de interagir com eles.
Esses dados por si só já começam a desenhar uma conclusão: a relação com animais é de grande valia para estimular o desenvolvimento de crianças autistas, afinal, o apoio emocional que eles conseguem fornecer é capaz de conferir maior autoconfiança e redução dos níveis de ansiedade.
Mas é preciso cuidado: nem todo contato com nossos amigos de quatro patas representa uma intervenção terapêutica. Para a Delta Therapy Dogs, uma organização sem fins lucrativos australiana, podemos dividi-lo em dois tipos:
- TAA: Terapia Assistida por Animais – onde o profissional responsável irá introduzir o animal em um contexto de terapia e, a partir disso, pensar em estratégias de intervenção que contemplem o que ele pode oferecer de acordo com as necessidades e objetivos de cada criança;
- AAA: Atividade Assistida por Animais – onde não existem metas e a interação acontece em momentos de descontração e recreação.
Ou seja, a TAA funciona, mas seu universo tem particularidades importantes que precisam ser respeitadas.
Quando aplicar a Terapia Assistida por Animais?
“Não é porque a literatura registra que as terapias com animais são interessantes para autistas que todos podem fazer. É preciso seguir um protocolo de análise total do histórico de vida da pessoa no espectro e analisar se ela quer, se ela pode estar em contato com esse tipo de abordagem e se as interações que serão trabalhadas não vão de encontro com questões sensíveis para essas pessoas”, explica Marina Cristina Zotesso, Doutora, Mestre em psicologia e uma das responsáveis pelo nosso Laboratório de Pesquisa.
Segundo ela, os cuidados com as singularidades de cada indivíduo antes de iniciar qualquer tipo de terapia com animais são indispensáveis!
Por exemplo, não faz sentido introduzir uma terapia com cavalos na rotina de uma criança que tem muito medo de animais grandes, forte aversão a cheiros fortes e hipersensibilidade ao toque nos pelos. Nesses casos, cabe ao profissional analista do comportamento decidir se o melhor caminho é tentar uma introdução lenta e gradativa ou partir para outras abordagens.
Por outro lado, a equoterapia pode ser extremamente benéfica para quem não possui essas limitações. Ela vai trabalhar:
- Áreas psicológicas: no estímulo à comunicação, interação entre pares, sensibilidade no tato e redução de comportamentos repetitivos;
- Áreas fisioterapêuticas: na estimulação motora (já que o movimento de andar do cavalo é muito similar ao do humano), dessensibilização frente a estímulos aversivos e questões de seletividade alimentar (ao fornecer comida para o animal).
Conclusão
A TAA é válida, comprovada cientificamente e cada vez mais indivíduos autistas vem conseguindo conquistar um aumento nos níveis de qualidade de vida e inteligência emocional através dela.
Ela pode proporcionar:
- Redução dos níveis de ansiedade e estresse;
- Desenvolvimento físico e emocional;
- Bem-estar;
- Aumento das habilidades de comunicação;
- Redução ou eliminação de barreiras comportamentais.
Mesmo assim, é fundamental dizer: apesar de ser muito rica e trazer muitos benefícios, a Terapia Assistida por Animais é um COMPLEMENTO À TERAPIA ABA! Não podemos, de forma alguma, substituir a Análise do Comportamento Aplicada por essas interações com animais, pois ela é a base para avanços mais significativos e também um porto-seguro para manter o desenvolvimento cognitivo adquirido.
Agora, se você gostou de entender um pouco mais sobre TAA, não deixe de compartilhar esse conteúdo com quem ama animais!
Referências
- MUÑOZ, Patricia de Oliveira Lima. Terapia assistida por animais – Interação entre cães e crianças autistas. 2014. Dissertação (Mestrado em Psicologia Experimental) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. doi:10.11606/D.47.2014.tde-11122014-101527. Acesso em: 2023-05-23.
- PIMENTEL, Gabriela Cunha. et al. Os efeitos da equoterapia em crianças com autismo. 2019. Revisão Bibliográfica. – CESUPA, Centro Universitário do Estado do Pará, Belém, 2019. doi: https://doi.org/10.33233/fb.v20i5.2703. Acesso em: 2023-05-22.